A educação musical torna o homem
mais “profundo” no sentido que Nietzsche dá ao termo: o homem profundo é aquele
que ama o conhecimento e foge das futilidades. Profundidade no homem é o
contrário de “superficialidade”, com todo o peso semântico que damos a esta
última palavra na atualidade.
Neste sentido, qualquer
conhecimento que adquiramos da matéria mesma da música transforma-nos em nosso
interior cognitivo, capacita-nos, assim, para uma compreensão refinada do mundo
ao nosso redor.
O mundo é repleto de sons. Todo
som é um fenômeno físico, é energia pura, e por isso necessita de um meio para
se propagar de um ponto do espaço para outro, do emissor para o ouvinte, do
instrumento musical para nosso ouvido. Esse meio é sobretudo o ar que
respiramos. É pelo ar que caminha o som.
O som não chega ao nosso ouvido
sem identidade. Ele apresenta quatro propriedades - ou identidades -
fundamentais, a saber: timbre, altura, intensidade e duração. No nosso encontro
de hoje falaremos sobre a mais complexa destas propriedades citadas: o TIMBRE.
Quando um imitador está falando
com a voz do Sílvio Santos, por exemplo, ele está reproduzindo o “timbre” do
Sílvio Santos. Quando ouvimos um som de violão sabemos que não é um violino que
está tocando, mesmo que não o possamos ver. É por meio de um som de voz com um timbre
conhecido que percebemos que nosso Pai está nos chamando à distância, e não um
homem qualquer. É por meio da propriedade do timbre que podemos
diferenciar o som da voz do homem do de uma mulher, etc.
Entenderam?
Pois muito bem, o TIMBRE é a
propriedade do som que permite distinguir um som de outro, mesmo sem ver o
emissor, o instrumento ou a pessoa que fala.
Note que o som é algo bem humano
enquanto fenômeno porque possuímos um aparelho auditivo capaz de captar um
certo registro em hertz (Hz) – mais tarde falaremos mais detalhado acerca desse
assunto. Isto quer dizer, que, um som que nunca ouvimos na vida não seremos
capaz de identificar enquanto timbre (a voz de um Extra Terrestre, por exemplo),
a não ser enquanto similaridade com o que já ouvimos na nossa experiência real.
Mas agora relaxe... repare no
mundo ao redor. Ouça-o. Deixe que os nomes das coisas que está ouvindo apareçam
na sua mente.
Incrível, hein!?
Há, no mundo, muitas identidades de
timbre, não é mesmo?
Espero ter sido claro e ajudado
na vossa compreensão e educação musical.
Até a próxima...
Por
Arcesio Andrade